Tales from Ipanema - Do Quinto dos Infernos ao Sétimo Céu

Oswaldo Alano Scipião Moreira.

Tales from Ipanema

Parte II

Do Quinto dos Infernos ao Sétimo Céu

Esta é uma estória de ficção, qualquer semelhança com pessoas ou fatos reais é mera coincidência.

Ipanema em pleno verão, temperatura à sombra 40ºC e no sol uma canícula digna de sauna, Saariana, Senegalesa, tipo 70ºC. Quem aguenta um calor deste sem baixar um pouco a pressão. Foi nesse cenário e no verão da lata que boiava nos mares próximos, que três amigos se encontraram e iniciou um diálogo cifrado; O primeiro perguntou ao segundo na beira da praia, próximo onde era antes o Pier de Ipanema: -- Você tem? E o segundo respondeu:- - Não. O primeiro: --Pô, quem será que tem? Aí o segundo disse:- - Acho que a gente vai ter que ir à loja comprar a parafina senão vai escorregar, minha prancha é novinha, tá completamente lisa. O primeiro retrucou:- - Liso tô eu, nem um tostão pro mate.

De repente uma mina que era “fariseia” e amiga dos dois escutou aquele papo reto e indireto e pensou ter entendido e foi se chegando dizendo - Aí galera, grana eu num tenho, mas estou com três parafinas novinhas aqui do meu irmão, tão até embaladas, eu deixo uma com vocês depois vocês devolvem para ele, falou? Os caras olharam para ela e para deschavar a tal mina aceitaram a parafina e disseram que depois comprariam outra nova para fazer a devolução e o irmão dela nem ia notar, e pensaram, ela também nem notou. Agradecimentos feitos, thau, até logo, bye bye...

Os dois continuaram na mesma, quando, depois de um tempo, o irmão da mina chegou e disse que tudo bem quanto à parafina, ele só não entendeu por que parafina naquele dia. Praia cheia e o mar flat, sem nenhuma marola, e mais, nenhum dos dois tava com prancha nem que fosse só para dar uma remada. Intrigado perguntou:- - Para que parafina, cara? Num vai dizer que é para passar no cabelo, num acredito que os brodis tão nessa.

-QUÉESSO? Os dois responderam quase ao mesmo tempo, com essa pergunta tão comum no dialeto deles. A gente quer é uma parafina daquela que tava boiando, aí a gente não perde dentro d’água, entendeu ou não?

O irmão da mina, o terceiro cara, enfim entendeu, - Pô aí legal, eu tenho dessa, mas aqui tá maior crowd, vamo ali na Prudente de Morais caminhando no inverso da mão e lá a gente chamba e explode o astral, que tal? Apesar de acharem meio perigoso todos concordaram.

Aconteceu o inevitável, com o odor forte da parafina uma caminhonete percebeu. Ainda bem que tava no fim e o restinho da parafina foi devidamente engolida. Pouco adiantou, sinuca de bico, pela bola sete, caçapa.

Ali começou um passeio ao quinto dos infernos, passa pela Viera Souto, pelo Jardim de Alah, meu bom Alah, mais que calor, silêncio sem saliva. Ah é isto, vamu salivar, falar, falar, mas como? Ninguém parava. Ai meu Deus, a cruzada de mais um inferno; Cidade de São Sebastião, nesse domingo não tinha Fla-Flu. Foi então que a calmaria começou, e voaram direto da bola sete ao sétimo céu, curva para cá curva para lá e só subindo.

Chegaram enfim ao Sétimo Céu, e tome de saliva. Somos todos filhos de Deus, temos família e filhos. Os três contra os quatro Dragões da maldade. Dragões da maldade que no sétimo céu perderam a força e força uma barra aqui, outra ali, veio o lance da votação nada democrática, quando tava três a zero pros amigos o quarto Dragão disse:- Meu voto vale por cinco; Vale nada, como disse o Jack Keruack, pé na estrada, os três nunca pensaram que eram corredores de meia maratona, ou de um quarto de maratona. Na descida vinha uma Kombi super suspeita subindo, e os três mosqueteiros pensaram: - Tão ferrados, não sabe o que os espera, lá em cima.

Para encurtar a estória, veio a praia e aí os três fazendo sua corridinha atlética, chegaram ao Arpoador, o Oitavo Céu.