Prainha - Um surf secret point chamado leprosário

Prainha - Um surf secret point chamado leprosário

Ceceu Pimentel

Ainda falando sobre a fase romântica do surf carioca, por mais incrível que pareça, tínhamos também um secret point bem perto do nosso oásis, o Arpoador.

A praia da Macumba, no Recreio dos Bandeirantes, era um point bastante freqüentado pelas boas ondas proporcionadas aos nossos pranchões.

Havia dias, porém, principalmente nos fins de semana que a galera invadia a praia. O pico chegava a acumular um crowd de dez a doze pranchões, é verdade, para a época isso era muita gente.

Estava sentado na areia, com mais dois ou três amigos, num dia de ondas de meio a um metro, porém cheias e sem muita força, quando um pescador veio conversar conosco e fazer perguntas sobre surf. Ele estava amarradão vendo a galera surfar e uma de suas perguntas foi porque estávamos na areia e não surfando. Contamos que as ondas nesse dia não estavam muito boas e com muita gente no pico. Ele então nos perguntou por que não íamos surfar na outra praia, depois da que estávamos. Falamos que era muito longe e de difícil caminho, pensávamos que ele estava se referindo a Grumarí ou Guaratiba, e como já estávamos no início da tarde não valia mais apena, pois não teríamos mais muito tempo para surfar ao chegarmos lá. Porém ele nos surpreendeu dizendo: não é longe não, atravesse aquela ponte de madeira, suba aquela estradinha a esquerda e logo vocês estarão lá. Nós então retrucamos: mas ali acaba a estrada e depois só tem um costão, ele então nos ensinou que ao chegar ao final da estrada tinha uma trilha por cima do morro, só conhecida e usada por pescadores, que nos levaria a uma prainha em que as ondas eram sempre bem mais fortes que as do Recreio.

Disfarçadamente colocamos nossas pranchas no carro, como se fossemos embora, e nos dirigimos a tal “prainha”. Deixamos as pranchas no carro e no dirigimos a trilha para checar o local.

Ao chegar no alto do morro ficamos boquiabertos com o visual, a tal prainha não só existia mas também estavam quebrando altas ondas. Como já era quase fim de tarde, combinamos de voltar no dia seguinte e não contar para ninguém do novo point descoberto, o qual batizamos de “LEPROSÁRIO”, nome este para afastar os curiosos.

Durante um bom tempo esta era a palavra mágica pronunciada e conhecida somente por alguns de nós ao nos reunirmos para surfar naquele secret que mais tarde se tornaria o novo refúgio da galera remanescente do Píer de Ipanema e do Arpoador. Nasce um novo oásis: a PRAINHA.

Aloha galera!

Ceceu
Ceceu Pimentel